As crianças e o azeite extra virgem

Pesquisas têm mostrado que a diversidade de cores é importante para a ingestão mais completa dos componentes que ajudam a prevenir doenças e fortalecer o corpo."

O poder da aquarela vegetal se tornou tão notório que virou recomendação especial do Ministério da Saúde, listada em seu 'Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos': "Uma alimentação variada é uma alimentação colorida", indica a publicação. Também o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é taxativo ao vincular a diversidade de cores no prato à prevenção de tumores.

Segundo dados do órgão, o brasileiro consome só um terço da porção diária de frutas, verduras e legumes estipulada pela Organização Mundial de Saúde. "O ideal é ingerir cinco porções por dia, uma de cada cor. Assim, fortalecemos o sistema imunológico e preparamos o corpo para combater substâncias cancerígenas e doenças.

O vermelho intenso de alimentos como tomate, morango e melancia. "Para os homens, o licopeno tem ação comprovada na defesa contra o câncer de próstata. Ele atua também na produção de colágeno e contribui para o bom funcionamento da memória e do coração", diz.

O mecanismo de atuação dos compostos vegetais é similar: atuam como antioxidantes, ou seja, impedem a degradação celular promovida diariamente por substâncias com potencial cancerígeno - entre elas poluição, tabaco e agrotóxicos. Entre os antioxidantes mais potentes estão os polifenóis, abundantes em hortifrútis roxos, tais como uvas, açaí, amora e figo - o principal deles é a antocianina, que confere o tom arroxeado a esses alimentos. "Os vegetais dessa cor podem conter até cinco vezes mais polifenóis que os demais. São substâncias importantes para garantir um envelhecimento saudável", ensina Accursio.

Entre os compostos mais estudados da família roxa está o resveratrol, abundante nas uvas. Ele é apontado como coadjuvante na prevenção das doenças cardiovasculares por aumentar o HDL (colesterol bom ) e diminuir o LDL (colesterol ruim).

Cor branca exemplificam a necessidade de interação entre as cores para uma alimentação mais eficiente. "Eles são ricos em vitamina B6, substância que ajuda o organismo a usar melhor a proteína. É interessante, portanto, comer um alimento branco, como palmito e couve-flor, ao consumir elementos proteicos, como as carnes", diz Ludmilla. Ela lembra que os alimentos de cor verde, ricos em ferro, também proporcionam interações proveitosas. "Esse ferro fica mais biodisponível (passível de ser absorvido) mediante a presença da vitamina C. É interessante acrescentar folhas verdes à limonada."

Na opinião do médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a força verde dos alimentos é potencializada no caso dos hortifrútis dessa tonalidade que também pertencem à classe das crucíferas (nome relativo aos vegetais que têm folhas em formato de cruz, como repolho e brócolis). "Essa é a família mais poderosa de vegetais em termos de anticancerígenos", sentencia Ribas Filho. O efeito protetor dessa cor recai principalmente sobre o intestino, já que a classe verde é uma boa fonte de fibras - o que estimula o funcionamento adequado do órgão. "Também destaco o verde dos cítricos. A categoria cítrica é rica em beta-criptoxantina e terpeno, elementos capazes de diminuir a toxidez das substâncias mutagênicas que agridem o organismo", garante.

A paleta de cores providenciada pela natureza se completa com os tons de marrom, presentes sobretudo nas castanhas e nos cereais. "Marrons, como o feijão, são ricos em magnésio, mineral adequado para mulheres que estão iniciando a menopausa. Ele também funciona como um antídoto contra a fadiga. No caso das castanhas, entre elas as nozes e as avelãs, observamos uma alta concentração de selênio, outro antioxidante importante. Esses alimentos podem minimizar a compulsão ou a ansiedade e por isso são indicados para os períodos de tensão pré-menstrual (TPM)"